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Paralelepípedos

 

Paris tem paralelepípedos. Roma, Londres e Hamburgo também. Quer dizer, as ruas serem calçadas com pedras ou asfaltadas não faz muita diferença, o que faz diferença é a manutenção que é dada.

São Paulo abriu mão dos paralelepípedos faz tempo. A maioria de nossas ruas é asfaltada. Os paralelepípedos estão por baixo ou, nem isso, simplesmente nunca foram colocados. O pavimento sempre foi asfalto, até porque numa cidade como São Paulo, que cresce desordenadamente, numa velocidade impressionante, seria impossível pavimentar todas as ruas empregando os bons e velhos paralelepípedos utilizados no passado.

A questão não é o tamanho da rua, a questão é quando o projeto foi desenvolvido. Vias mais antigas, em cidades como Paris, Londres, Hamburgo ou Roma foram e continuam sendo pavimentadas com pedras em vez de asfalto.

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E são lisas, perfeitas para os veículos trafegarem por elas, sem ondulações ou buracos que coloquem a segurança ou o conforto das pessoas em risco.

O asfalto é mais moderno, mais fácil e mais barato de ser instalado. É verdade que não tem a resistência das pedras de granito, mas com boa conservação dura muito e dá conta do recado por longas décadas.

Onde a vaca vai para o brejo é na manutenção. Se a via não é regularmente reparada, começa a ceder, forma ondulações, que crescem rapidamente, se transformam em costelas de vaca, depois em buracos e finalmente em crateras.

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Quem morre com a conta são os veículos que trafegam por ela. Um dia vai pneu, no dia seguinte roda e depois a suspensão. E a situação fica mais crítica quando alguns dos carros em questão são fabricados para trafegar nas boas ruas de paralelepípedos de seu país de origem.

Crônicas da Cidade vai ao ar de segunda a sexta na Rádio Eldorado às 5h55, 9h30 e 20h.

Antonio Penteado Mendonça

Advogado, formado pela Faculdade de Direito Largo São Francisco, com pós-graduação na Alemanha e na Fundação Getulio Vargas (FGV). Provedor da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo (2017/2020), atual Irmão Mesário da Irmandade, ex-presidente e atual 1º secretário da Academia Paulista de Letras, professor da FIA-FEA e do GV-PEC, palestrante, assessor e consultor em seguros.