Abdicação, deposição e renúncia
Você sabe qual a diferença entre abdicar, ser deposto e renunciar? São diferenças gritantes que, no Brasil, ainda trazem a questão temporal.
Voltando na história, o primeiro Imperador, D. Pedro I, a quem devemos a independência de Portugal, foi obrigado a abdicar do trono em favor do seu filho, D. Pedro II, que, com 14 anos, assumiu para realizar um longo reinado de mais de 50 anos, no qual o Brasil, ao contrário dos demais países latino-americanos, viveu um tempo de relativa paz e consolidação de seu enorme território.
Pois é, D. Pedro II foi deposto. Em 15 de novembro de 1889, cento e trinta anos atrás, o Imperador foi deposto pela Proclamação da República, feita por Deodoro da Fonseca, um velho marechal monarquista.
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Para quem acha que as coisas acabaram por aí, Deodoro da Fonseca, algum tempo depois de assumir a Presidência da República, renunciou.
Os três momentos mostram que o Brasil não é simples. Se fosse, o primeiro Imperador, que tinha um projeto avançado para o futuro do país, não teria sido obrigado a abdicar.
Nem seu filho e herdeiro do trono, depois de mais de cinquenta anos de governo legítimo, proveitoso e bem avaliado, teria sido deposto pela ação de um militar monarquista.
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E o militar que depôs o Imperador, poucos anos depois, não teria renunciado ao cargo de primeiro Presidente da Rrepública.
Como se vê, há fortes diferenças entre abdicação, deposição e renúncia. O único ponto em comum é que, nas três situações, o ocupante do cargo deixa o cargo, normalmente sem querer, mas debaixo de forte pressão que conspira para que isso aconteça.
Mas nós fomos além e importamos o impeachment, que legalmente preenche mais uma lacuna na forma de arriar o governante.
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