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João Ramalho

A briga entre os jesuítas defensores de Nóbrega e Anchieta, os vencedores foram os segundos, mas o grande perdedor foi João Ramalho, que não tinha nada com isso.

Se alguém é o verdadeiro responsável pela existência da cidade de São Paulo, este alguém se chama João Ramalho. Um português nascido na vila de Vouzelas, aonde se casou e de onde saiu para nunca mais retornar, tomando o rumo do Brasil, provavelmente ainda na segunda década do século 16.

Por que vaio e como, ninguém sabe. Não se encontraram documentos a respeito dessa viagem ou das razões que o levaram a aportar no então Porto dos Escravos, para depois subir a serra e se instalar no Planalto de Piratininga, como genro e parceiro de Tibiriçá, o grande cacique tupi que dominava a região.

O que ele fazia no planalto não tem segredo: seu negócio, e o do sogro, era aprisionar índios para serem vendidos como escravos para repor as tripulações dos navios que aportavam no litoral, depois da dura viagem através do Atlântico.

Foi João Ramalho quem em 1532 convidou Martim Afonso de Souza a subir a serra de Paranapiacaba, e a conhecer o planalto de Piratininga, onde o comandante português fundou a vila do mesmo nome.

Foi também João Ramalho quem permitiu a vinda dos jesuítas comandos pelo Padre Leonardo Nunes, que seguindo ordens de Manoel da Nóbrega, subiram a serra para catequizar o planalto.

Finalmente, foi de um acordo entre ele e Manoel da Nóbrega que a vila de São Paulo passou a existir formalmente a partir de 1560.

Antonio Penteado Mendonça

Advogado, formado pela Faculdade de Direito Largo São Francisco, com pós-graduação na Alemanha e na Fundação Getulio Vargas (FGV). Provedor da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo (2017/2020), atual Irmão Mesário da Irmandade, ex-presidente e atual 1º secretário da Academia Paulista de Letras, professor da FIA-FEA e do GV-PEC, palestrante, assessor e consultor em seguros.