Uma água é uma água, a outra é outra
Todos nós, pelo menos na época em que as escolas ensinavam e os alunos brasileiros das redes pública e privada aprendiam um pouco mais do que não saber ler, nem somar e subtrair, água era um produto inodoro, incolor e sem gosto, formado por partículas de hidrogênio e oxigênio com a fórmula H2O.
É interessante, para evitar patriotadas, lembrar que na Europa, por exemplo, em vários países, a água que sai da torneira é esbranquiçada e os alemães em particular preferem beber água mineral.
Já nos Estados Unidos, um dos orgulhos de Nova Iorque é justamente a pureza de sua água, que pode ser bebida diretamente da torneira sem nenhum problema para o cidadão.
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Quer dizer, não é em todos os lugares que o que aprendemos na escola vale. Pode ser que sim, pode ser que não. O que não desclassifica a definição da água, até porque nem todas as águas são puras como a água de laboratório, que não tem cheiro, gosto ou cor.
No Brasil, faz muitos anos que muitas das águas oferecidas à população estão longe da definição da aula de química.
Por uma série de razões, nossas águas encanadas são diferentes e invariavelmente têm gosto, cor ou cheiro, quando não tem os três juntos, criando uma beberagem única, só encontrada nos canos daquela determinada distribuidora, que trata, ou não trata, a água que coleta nos mananciais que explora.
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A complexidade da questão pode ser vista com transparência na água que no começo do ano chegou nas torneiras dos cariocas. É tão peculiar que o diretor da CEDAE, a empresa responsável, diz que o líquido é água e que pode ser bebida, mas, curiosamente, ele não bebeu.
Mas não vamos imaginar que o drama é exclusivamente carioca. Não é. Basta abrir torneiras pelo Brasil a fora para se ter certeza disso.
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