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Cadê o Chupa-cabras?

Quem tem notícias do Chupa-cabras? Quem se lembra que tivemos o ET de Varginha e na sequência fomos atacados pelo Chupa-cabras?

Os dois monstros, ou alienígenas, tanto faz a definição, levaram pânico ao interior do Brasil, com gente jurando que viu um deles, e descrevendo as formas mais inusitadas, para representá-los com o máximo de fidelidade para as câmeras de TV.

O Chupa-cabras quase se transformou em instituição nacional. Algo solidamente plantado no imaginário das pessoas, como a ideia do político corrupto, ou que não adianta fazer força para tentar mudar.

Alto, magro, meio nebuloso, o desenho mais comum o retratava sempre com animais mortos em volta e um certo ar de galã de filme trash. Vampiro de periferia ou coisa assim.

Na época, a polícia foi mobilizada, a imprensa mandou repórteres conhecidos cobrirem os fatos, mas nada ficou provado.

O Chupa-cabras era inteligente demais para ser aprisionado ou mesmo fotografado. Suas ações fulminantes, implacáveis e cercadas do mais denso segredo acabavam em animais mortos e sem sangue.

Mas ele não atacava somente cabras. Não, seu menu era bem mais amplo. Abrangia animais em geral, e ainda que não havendo registro, não há certeza de que nunca tenha ataco seres humanos.

Mas quem se lembra dele, hoje? O mundo anda rápido demais. Os fatos se sucedem numa tal velocidade que não dá para lembrar tudo. Os quinze minutos de fama estão reduzidos a cinco. E isso se você der uma pequena força para aparecer um pouco mais. É por essa e outras que os Chupa-cabras perdem espaço, deixam de ser notícia. No mundo de hoje tudo é business, rapidez e resultado imediato.

Crônicas da Cidade vai ao ar de segunda a sexta na Rádio Eldorado às 5h55, 9h30 e 20h.

Antonio Penteado Mendonça

Advogado, formado pela Faculdade de Direito Largo São Francisco, com pós-graduação na Alemanha e na Fundação Getulio Vargas (FGV). Provedor da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo (2017/2020), atual Irmão Mesário da Irmandade, ex-presidente e atual 1º secretário da Academia Paulista de Letras, professor da FIA-FEA e do GV-PEC, palestrante, assessor e consultor em seguros.