A Catedral da Sé
A Sé de São Paulo não tem mais nada a ver com a antiga igreja colonial, derrubada faz tempo, para dar lugar a atual catedral.
Imponente no alto de sua escadaria, a Catedral da Sé de São Paulo desafia quem passa lá embaixo, andando pela praça feia e descaracterizada na década de 1970.
Com suas linhas góticas numa cidade fundada 500 anos depois do fim deste estilo, ela é a própria síntese da alma paulistana, em sua capacidade de criar e inovar, ainda que copiando o que não é seu, nem nunca foi ou conheceu.
Mas ela vai além: é uma catedral gótica com cúpula, o que é uma raridade, inclusiva na Europa, aonde este estilo floresceu, dando ao mundo Notre Dame, Colônia e outras igrejas deslumbrantes, quase todas sem o adorno que faz a glória de São Pedro que não tem nada de gótica.
Ela é em essência um retrato do paulista. Uma imensa mistura que une raças as mais diversas num universo relativamente pequeno e que serve de caldeirão para uma nova realidade humana, moldada no entendimento e na compreensão dos que vieram para cá atrás de uma vida melhor.
E não é só por fora que a Catedral de São Paulo é uma mistura de estilos. Dentro, ela não se faz de rogada, misturando desde linhas orientais, até o mais clássico barroco brasileiro.
Imensa, como a cidade onde está, suas naves se estendem grandiosas, com o pé direito muito alto elevando o pensamento humano para mais próximo de Deus.
Entre secos e molhados, com estilo ou sem, a catedral da Sé é uma igreja que se impõe, como o Deus quase humano do Velho Testamento.
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