A batida da lua cheia
A lua cheia brilha no céu, batendo no ritmo de bilhões de corações pulsando incessantemente na terra. No ritmo da terra. Ou será que é o contrário? É a terra que gira no ritmo dos corações?
Questões transcendentais, problemas insolúveis se materializam diariamente na frente dos físicos, enquanto os poetas os desvendam em seus versos, interpretando a linguagem dos anjos.
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A lua ilumina o céu como uma enorme lâmpada atômica vibrando na velocidade dos átomos se atirando nas paredes da bomba.
Luz fria de satélite, iluminada por um sol que nunca lhe permite mostrar o outro lado, ela se vinga com o brilho da lua cheia num céu sem nuvens, sem vento, tendo um lago como espelho.
A lua vai e vem, num movimento de pêndulo que começa na lua nova e acaba na lua minguante, para recomeçar de novo, 28 dias depois, na mesma toada.
A lua me fascina. Tanto faz a fase, a lua me fascina, como me fascinam as estrelas que sobem e descem nos céus de todas as noites, cada hora num lugar do firmamento, fazendo uma enorme volta que levava os antigos a imaginarem que a terra era plana e o centro do mundo.
Mas se a lua me fascina, o sol me hipnotiza com seu brilho, acima de tudo no calor do meio dia passando pelo corpo como uma nave espacial que desce sobre uma cidade e suga toda sua energia.
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Achamos que sabemos muito, mas, de verdade, não sabemos nada. Mal arranhamos o verniz do universo. E o pouco que sabemos já é suficiente para nos encher de medo. Imagine o que não sabemos e que está logo ali, na curva seguinte das paralelas indo se encontrar no fim do horizonte.
A lua comanda as marés, regula as mulheres, muda os ciclos da terra. A lua, eternamente a lua, até ela se chocar com a terra.
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