Vai que vai e vai mal
Ninguém sabe muito bem para onde, mas vamos que vamos. De verdade, temos muita espuma e pouca água. Gritam daqui, gritam dali, mas o barco continua mais ou menos encalhado, ameaçando fazer água na próxima maré.
Pode ir e pode voltar, e é melhor ir ou voltar do que ficar como está, com o casco ameaçando romper e a água entrar. Se fizer água, o naufrágio é rápido. Em pouco tempo temos tudo para voltar para o começo da década de 1990, com todo o drama de uma hiperinflação pra complicar o quadro.
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Não, não é sonho, é ameaça real. O pesadelo está na nossa porta, pronto para virar realidade se não fizermos nada e o Ministro da Economia só insistir em recriar a CPMF.
Entre o discurso liberal de campanha e o que vamos vendo não sobrou nem a cor da areia, nem a pegada na terra. Não sobrou nada, exceto um bla-bla-blá que não leva ninguém no bico.
O coronavírus não foi embora, a vacina não vai chegar tão cedo e os brasileiros continuarão na sua rotina de mortes. Centenas todos os dias, com a possibilidade de uma segunda onda elevar de novo para mais de mil.
Mas para o Presidente, somos só um país de maricas. É verdade que temos saliva e, quem sabe, um pouco de pólvora. Não deve dar para muita coisa além de abastecer fogos de artifício.
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Do outro lado, a crise fiscal tem munição de sobra para causar estragos muito rapidamente. A inflação que deveria ficar em torno de 2% já está com previsão de mais de 3,8% e pode subir mais.
Pra quem não reparou, quer dizer um aumento de quase cem por cento, com toda a probabilidade de passar disso. Não é hora de fazer graça, nem de fingir que manda. O buraco está crescendo e, depois que abre, ele não tem fundo.
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