A Ford foi embora
Depois de mais cem anos no Brasil, a Ford foi embora. Está fechando as fábricas, suspendendo a produção, demitindo os funcionários. Não tem o que fazer, o passo é sem volta. É pena que a Ford vá embora. Ao longo de sua história no país, teve momentos raros de enorme sucesso e reconhecimento.
Foi a primeira montadora a acreditar no Brasil e seus Fords bigodes, montados no Ipiranga com peças importadas dos Estados Unidos, foram sucesso durante anos.
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Depois, já na história oficial da indústria automobilística no país, a Ford foi responsável pelo carro mais luxuoso fabricado aqui até os dias de hoje. O Galaxie e depois sua versão de luxo, o LTD, são ícones da indústria e representam um momento em que o Brasil conhecia dias mais ricos e com mais promessas de um futuro melhor. O crescimento estava na casa de 10% ao ano, a expansão industrial era exemplo para o mundo, as condições de vida da população mudavam rapidamente, a urbanização ganhava velocidade e mudava o modo de vida das pessoas.
No segmento dos carros mais baratos, a Ford lançou o Corcel, primeiro carro com radiador selado e freios a disco. E depois soltou o Maverick, cuja versão oito cilindros se tornou objeto de desejo.
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Aí a Ford se aliou à Volkswagen e nunca mais acertou o rumo. Com a separação das duas, poucos anos depois, a empresa ainda lançou o Ford Ka, que foi sucesso, e o Ecosport, que abriu caminho para os SUV’s pequenos, mas não conseguiu segurar o lugar e veio perdendo participação.
Sua saída do país não tem uma única causa e a mais importante não é culpa do governo brasileiro. A Ford não deu conta da concorrência e, apesar dos subsídios generosos, diante do custo Brasil e do reposicionamento do grupo no mundo, achou bom ir embora. Foi. Seja feliz.
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