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Show de horrores

 

Nem começou a distribuição de nossas poucas vacinas e o show de horrores já entrou em cena nas mais variadas regiões do país, inclusive São Paulo, Capital, onde parece que o Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo foi privilegiado com uma quota maior que o volume destinado aos demais hospitais da rede e que serviu para vacinar gente sem qualquer contato com o coronavírus.

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No Amazonas, filho de deputado furou a fila, filhas de empresário furaram a fila e, com certeza, mais gente também se deu bem. Na Bahia, um prefeito foi o primeiro a ser vacinado com o argumento de que é do grupo de risco, apesar de não ter nenhuma atuação no combate à pandemia, nem ter qualquer vínculo com a saúde pública.

Nada de novo debaixo do sol. Do outro lado, temos exemplos, que não precisam ser nominados, de diretores e gestores de hospitais que, em função do cargo, poderiam receber a vacina, mas que fizeram questão de dizer em público que não seriam vacinados porque não estavam na linha de frente do coronavírus. Nada como o bom exemplo.

Cada um é cada um. Tem quem tenha espírito público, quem tenha caráter e quem é malandro e só quer salvar o seu, danem-se os outros.

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É lamentável que esses casos aconteçam com mais frequência do que seria razoável. É pena que gente esperta queira levar vantagem e, de franquia de loja de chocolate para fora, use qualquer subterfúgio para se dar bem ou enganar o próximo.

A pandemia está aí e vai continuar aí por muito tempo, porque o Brasil não tem nada de parecido com as trezentas milhões de doses que seriam necessárias para imunizar a população. Também não tem seringas, nem pessoal treinado. O risco é, por conta da demora, a população se revoltar e virar a mesa porque o Governo Federal não fez a sua parte.

 

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Antonio Penteado Mendonça

Advogado, formado pela Faculdade de Direito Largo São Francisco, com pós-graduação na Alemanha e na Fundação Getulio Vargas (FGV). Provedor da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo (2017/2020), atual Irmão Mesário da Irmandade, ex-presidente e atual 1º secretário da Academia Paulista de Letras, professor da FIA-FEA e do GV-PEC, palestrante, assessor e consultor em seguros.