Pra ele não houve interferência

Eu lhe dou um tiro no pé; você diz que eu o agredi, mas eu respondo que não, que eu só dei um tiro no seu pé.

De uma forma ou de outra, eu pratiquei um ato violento, com consequências ruins para o seu pé. Se foi um ataque ou um tiro, é um mero detalhe.

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Da mesma forma se alguém passa com um carro por cima de outro. O outro dirá que foi atropelado; o motorista dirá que não, que ele apenas passou com o carro por cima do pedestre.

Pois é, para o mundo houve ingerência, num ato truculento e descabido, que teve como consequência a companhia perder em 24 horas mais de 70 bilhões de reais em valor de mercado, numa das mais estonteantes quedas de ações na Bolsa de Valores de São Paulo.

O interessante é que, para o grande capitão, não houve ato brutal, nem ingerência dele na Petrobrás. Ele só mudou o presidente, antes do fim do mandato e sem poder para isso, pelo menos da forma como o fez.

Um dia o grande capitão disse que era liberal e que o seu guru se chamava Paulo Guedes, carinhosamente apelidado de Posto Ipiranga, porque era quem tinha as respostas e resolvia os problemas econômicos.

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Muito tempo atrás, houve um dia em que o grande capitão se disse liberal e que colocaria o Brasil nos trilhos do desenvolvimento. Aí apareceu o lobo mau e a história mudou. Como não tem comandante, nem caçador para dar conta do recado, o condottiere desdisse o que disse e se aliou aos mesmos aliados da turma que ele tirou do poder.

Os mesmos que ele disse que varreria da história. Mas que surpresa! Eleitos com o apoio dele, estão no comando do Congresso Nacional. E já mostraram que a fidelidade ao grande capitão é, no máximo, relativa, muito relativa.

Enquanto isso, o vírus corre solto, não tem vacina, o liberalismo foi pro espaço e a credibilidade do país escorrega ladeira abaixo.

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