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A miséria tem cara

 

Quatorze milhões de famílias brasileiras vivem na miséria. Quer dizer, vivem com até três reais por dia ou noventa reais por mês. É uma vergonha, é inaceitável, mas não tem nada que indique que isto está sendo levado a sério por qualquer nível de governo. Isto precisa mudar!

Tirando os discursos demagógicos que pautam as ações de grande parte de nossos políticos, não há no mundo real nenhum movimento visível indicando que alguém está fazendo alguma coisa para mudar esse quadro apavorante e que tende a se agravar.

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Isto mesmo: se agravar. A crise do coronavírus gerou o maior desemprego da história do Brasil, mas nós ainda não chegamos no fundo do poço. Esse desemprego pode crescer e seu crescimento significa mais pessoas cruzando a linha da miséria, condenadas a não ter chance, por falta de chance para sair do buraco em que a vida as jogou.

A diferença entre a pobreza e a miséria é que a pobreza tem dignidade e a miséria, não. Na pobreza existe esperança e na miséria, não. Na pobreza existe a chance de melhorar de vida, na miséria, não.

A miséria é a degradação máxima do ser humano. Nada pode ser mais terrível. E nós temos quarenta milhões de brasileiros nessa situação. Vergonhosamente, nós temos quarenta milhões de homens, mulheres e crianças condenadas a viverem com menos noventa reais por mês.

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O quadro não é irreversível, mas a solução é de longo prazo e exige um comprometimento que hoje não se vê. Saúde pública, educação pública, segurança pública, saneamento básico, atenção à mulher e políticas sociais só aparecem nos discursos antes das eleições.

O Brasil não pode admitir essa desigualdade. O brasileiro não pode admitir essa situação. Quarenta milhões de pessoas estão na miséria e o quadro deve se agravar. Nós não podemos compactuar com isso.

 

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Antonio Penteado Mendonça

Advogado, formado pela Faculdade de Direito Largo São Francisco, com pós-graduação na Alemanha e na Fundação Getulio Vargas (FGV). Provedor da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo (2017/2020), atual Irmão Mesário da Irmandade, ex-presidente e atual 1º secretário da Academia Paulista de Letras, professor da FIA-FEA e do GV-PEC, palestrante, assessor e consultor em seguros.