A Freguesia do Ó
É curioso, mas pouca gente sabe que a Freguesia do Ó é um dos bairros mais antigos de São Paulo. Mesmo se chamando freguesia e sendo a última remanescente de todas as que passaram a se chamar bairros, ela não transmite a ideia de antiguidade, nem de ter sido uma das primeiras áreas fora do triângulo central, a ter igreja com largo e gente morando em volta.
A Freguesia do Ó foi fundada pro Manuel Preto, um dos grandes bandeirantes do ciclo do Guairá, responsável pela descida de mais de mil índios mansos, a maioria dos quais foi colocada em suas terras próximas do pico do Jaraguá, onde, num dos cantos, foi erguida a igreja de Nossa Senhora do Ó, como agradecimento do bandeirante pelos sucessos ao longo da vida.
Isso é história do começo do século 17, quando São Paulo era uma biboca perdida na entrada do sertão. Pobre, sem chance de competir com o açúcar nordestino e do Rio de Janeiro, seus habitantes descobriram que a única saída era varar os sertões e tirar deles as riquezas que até então só existiam nos sonhos.
Índios e ouro e pedras preciosas, que levaram as fronteiras do Brasil para muito além da linha de Tordesilhas, numa das maiores aventuras do homem sobre a Terra.
Entre os grandes, Manuel Preto era um dos maiores. Com Raposo Tavares e Fernão Dias, ele se destaca na primeira fase das entradas paulistas, comandando seus homens na que foi a maior de todas as bandeiras que desceram ao Guairá, na região onde hoje é o oeste do estado do Paraná.
A Freguesia do Ó é seu testamento e seu presente para a cidade.
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