Santo Amaro já foi município
Nem sempre Santo Amaro foi bairro de São Paulo. Aliás, bairro não, subprefeitura. No passado Santo Amaro foi município, com prefeito, Câmara Municipal e um trem que o ligava à Capital.
Mas já bem antes disso a freguesia era lugar de destaque no mapa da capitania, com gente do porte do primeiro Borba Gato mandando por lá.
Santo Amaro é enorme e é rico. Área de superlativos, também é uma das regiões mais bonitas do planalto, com matas virgens nas divisas e onças andando por elas.
É também, tristemente, a região onde habitam os últimos índios da Grande São Paulo. Pobres e durante décadas sem esperança, só agora começam a merecer alguma atenção do governo e a terem de novo a chance de um futuro melhor.
Santo Amaro foi o primeiro polo de imigração do Brasil. Foi lá que D. Pedro I assentou os mercenários alemães que vieram para o país lutar na guerra de independência.
E o projeto foi um fracasso. Em poucos anos os descendentes dos bravos soldados estavam reduzidos a simples caboclos, praticamente aculturados e sem nada que lembrasse a sofisticação da civilização europeia.
Daí para frente começa a decadência do município. Boca de sertão, nas portas das matas da serra, Santo Amaro parou no tempo, vendo de longe o progresso chegar a São Paulo e depois às cidades do ABC.
Por conta disso, ao contrário do que acontece hoje, quando freguesias sem condições de vida autônoma são erguidas a município, Santo Amaro acabou virando parte da Capital. A mais extensa e populosa, e uma das mais ricas, mas sem a autonomia do passado.
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