Somos campeões
O dado é profundamente triste e, mais que isso, muito sério. O Brasil ultrapassou os Estados Unidos no número de mortos por milhão de habitantes vítimas da covid19 e é o campeão das Américas no quesito.
Os americanos continuam na nossa frente em números absolutos, mas caminhamos rapidamente para ultrapassar a barreira dos 400 mil mortos, o que nos coloca em posição de destaque em números absolutos também.
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A grande diferença é que o presidente dos Estados Unidos liberou geral e todos os norte-americanos com mais de 16 anos podem se vacinar quando e como quiserem.
Eles já estão vacinando mais de três milhões de pessoas por dia, enquanto nós seguimos nos menos de 500 mil. O dado dramático é que eles estão na nossa frente não porque vacinem melhor, não vacinam. Eles estão na nossa frente porque têm vacinas, ao passo que nós não temos.
O que o grande capitão não percebeu é que, apesar de todo o discurso contra a pandemia, o ex-presidente norte-americano não suspendeu a produção de vacinas por um único minuto. Ao contrário, se ele dizia que o coronavírus não era nada, a indústria produzia cada vez mais as melhores vacinas do mundo porque todos sabiam que o caminho era esse.
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O resultado é que o mundo vive a falta das vacinas e os Estados Unidos têm vacinas para todos os norte-americanos.
Mas nós somos campeões, campeões de mortes, dor, sofrimento e falta de respeito com a população. Em Brasília, o importante é isso: sermos campeões. Tanto faz do quê ou quais as consequências. Tanto faz a estupidez por trás da falta de liderança no combate ao vírus. O trágico é que, além das mortes pela doença, estamos na antevéspera da fome.
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