Rumos e bandeiras
Rio Tietê, rio Pinheiros, serra de Paranapiacaba, Mantiqueira, Japi, pico do Jaraguá, de onde brotou o primeiro ouro arrancado das entranhas da terra brasileira para glória de Deus e maior poder de El Rei.
Hoje, quase ninguém liga estes nomes ao tamanho do Brasil, ao imenso continente que se estende continente à fora, no sentido norte e sul, porque este era o sentido que desde a descoberta interessava aos portugueses e acompanhava os grandes rios que serviam de rota para as entradas e bandeiras.
Que serviram de fronteiras para a luta surda para empurrar Tordesilhas mais pra lá, terras de Espanha à dentro, arrancando delas metade do Brasil atual.
Saindo de São Paulo as expedições entravam no sertão imenso e desconhecido, onde ficavam anos a fio, até voltarem normalmente diminuídas de homens e bens, mas trazendo um novo roteiro, uma informação nova, para balizar a bandeira que saia logo depois, como se a sina paulista fosse eternamente cruzar terras estranhas e arrancar delas as riquezas de todos os Eldorados, que foram, um a um, tirados das matas pelo sofrimento e pelo sangue dos bandeirantes incansáveis.
Monumento das Bandeiras, quanto de tuas pedras guarda o choro das mulheres que não partiram com seus maridos afogados nas corredeiras do Tietê, demandando o ouro do Cuiabá?
Quantos são ossos e trapos rotos de corpos caídos no sertão, servindo de rota para outros pés descalços que seguiriam logo depois?
Quanto é parte do grande corpo que São Paulo que nunca esqueceu?
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