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Rumos e bandeiras

Rio Tietê, rio Pinheiros, serra de Paranapiacaba, Mantiqueira, Japi, pico do Jaraguá, de onde brotou o primeiro ouro arrancado das entranhas da terra brasileira para glória de Deus e maior poder de El Rei.

Hoje, quase ninguém liga estes nomes ao tamanho do Brasil, ao imenso continente que se estende continente à fora, no sentido norte e sul, porque este era o sentido que desde a descoberta interessava aos portugueses e acompanhava os grandes rios que serviam de rota para as entradas e bandeiras.

Que serviram de fronteiras para a luta surda para empurrar Tordesilhas mais pra lá, terras de Espanha à dentro, arrancando delas metade do Brasil atual.

Saindo de São Paulo as expedições entravam no sertão imenso e desconhecido, onde ficavam anos a fio, até voltarem normalmente diminuídas de homens e bens, mas trazendo um novo roteiro, uma informação nova, para balizar a bandeira que saia logo depois, como se a sina paulista fosse eternamente cruzar terras estranhas e arrancar delas as riquezas de todos os Eldorados, que foram, um a um, tirados das matas pelo sofrimento e pelo sangue dos bandeirantes incansáveis.

Monumento das Bandeiras, quanto de tuas pedras guarda o choro das mulheres que não partiram com seus maridos afogados nas corredeiras do Tietê, demandando o ouro do Cuiabá?

Quantos são ossos e trapos rotos de corpos caídos no sertão, servindo de rota para outros pés descalços que seguiriam logo depois?

Quanto é parte do grande corpo que São Paulo que nunca esqueceu?

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Crônicas da Cidade vai ao ar de segunda a sexta na Rádio Eldorado às 5h55, 9h30 e 20h.

Antonio Penteado Mendonça

Advogado, formado pela Faculdade de Direito Largo São Francisco, com pós-graduação na Alemanha e na Fundação Getulio Vargas (FGV). Provedor da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo (2017/2020), atual Irmão Mesário da Irmandade, ex-presidente e atual 1º secretário da Academia Paulista de Letras, professor da FIA-FEA e do GV-PEC, palestrante, assessor e consultor em seguros.