Tempo frio
O frio é um perigo. O inverno traz consigo doenças respiratórias graves e menos graves, dor nos ossos, resfriado, gripe, pneumonia e outros males desagradáveis, que nos levam a beber vinho, porque quem bebe seus males espanta.
Eu sei que tem gente que vai dizer que é quem canta e não quem bebe, mas não conheço ninguém que beba que não acredite piamente nas vantagens do álcool sobre o canto, ainda mais se for lírico e cantado por quem canta mal.
Entre um bom vinho e uma ária da Tosca, tenho dúvidas se até Pavarotti não ficaria com a primeira opção. Não é que ópera não seja arte da mais alta categoria e a Tosca um clássico, mas uma boa garrafa de um bom vinho tinto numa noite fria faz até quem não gosta de ópera se submeter a uma ária.
O problema de se beber vinho é a tal da moderação. Antes de mais nada, o que é moderação? Uma taça, uma garrafa, duas?
A resposta será sempre subjetiva e estará diretamente ligada ao humor ou a capacidade etílica de cada entrevistado.
Mas, por outro lado, o inverno não é só uma boa chance de se beber um bom vinho. Existem grandes comidas que combinam maravilhosamente com os grandes vinhos, aumentando ainda mais um prazer que é mesmo um grande prazer.
Eu sei que este prazer pode ser considerado um pecado, mas a linha que separa a gula do comer bem é muito tênue e também varia de padre para padre, o que complica a definição do que é pecado, transformando o inverno em campo fértil para discussões acaloradas sobre temas metafísicos com resultados eminentemente práticos.
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