Professora Aurora Albanese
A vida tem momentos que decidem os passos importantes, as viradas, as situações em que tudo está em jogo e pode dar certo ou pode dar errado.
Todos passam por isso e, mais dia menos dia, se veem frente a frente com a onça esfomeada e descobrem que se ficar o bicho come, se correr o bicho pega. Nessas horas, até uma lança de bambu faz a diferença, pra não falar num carrinho de rolimã e descer ladeira abaixo.
Minha primeira vez foi na segunda série do ginásio. O professor de matemática era um desastre e me fez nunca mais gostar da matéria, com tudo de fascinante que os números têm. Mas, na hora mais grave, me deixou de segunda época e precisando tirar nove para passar de ano.
Foi aí que minha fada madrinha – não foi o acaso – me fez ter aulas particulares com a Professora Aurora Albanese. Todo o mês de janeiro, matemática, matemática e mais matemática, sob a batuta da única professora que poderia fazer o milagre: tirei dez e passei de ano.
D. Aurora é um nome clássico na história do ensino da química no Brasil. Reconhecida internacionalmente, sua carreira consagradora a fez inclusive reitora da Universidade Mackenzie, uma das mais conceituadas do país.
Mas para mim ela será sempre a D. Aurora que me preparou para enfrentar meu primeiro grande desafio na vida e passar de ano na segunda série, na segunda época de matemática. Além disso, a Adriana, filha de D. Aurora, é uma querida amiga de outros carnavais.
A última vez que estive com D. Aurora foi na minha palestra no centenário do Colégio Dante Alighieri. Agora, soube que D. Aurora morreu. O Brasil perde uma grande professora, a família perde uma grande mulher e eu perco uma fada madrinha.
D. Aurora, obrigado por tudo e que a eternidade lhe seja leve.
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