95 anos do poeta
No dia 30 de setembro o poeta Paulo Bomfim teria completado 95 anos de idade. Mas ele decidiu mudar de endereço antes. Por isso, pouco mais de dois anos atrás, foi para o céu, brincar eternamente criança na Fazenda Himalaia, que serve de modelo para as fazendas de café da terra.
Paulo Bomfim foi meu grande amigo. Todos os dias, em alguma hora, ele bate na porta da saudade e eu me reencontro em nossas conversas no apartamento dos Jardins e nas nossas aventuras, viajando de carro pelo interior do Estado, redescobrindo os sítios históricos onde São Paulo ganhou sua consistência.
Das ruas de Itu aos barrancos de onde partiam as monções, da igrejinha de São Roque, ao alto da Serra, pelas ruas de Campinas e de tantos bairros da Capital, costuramos São Paulo para redescobrir a alma que gerou o paulista e a conquista de mais de quatro milhões de quilômetros quadrados de campos e matas, que dobraram e deram forma ao nosso imenso território.
Paulo Bomfim era a enciclopédia viva da história de São Paulo. Descendente de Tibiriçá e Pequerobi, conhecia a saga bandeirante como se estivesse presente desde o longínquo dia de 1532 em que Martim Afonso subiu a serra de Paranapiacaba e lançou o pelourinho de Piratininga nos campos à margem do rio das Anhumas.
Leio sua poesia com regularidade e nos seus versos converso com ele, numa calma e fascinante troca de experiências de vida. Ele me responde falando com minha alma. E eu me enterneço ouvindo as histórias mágicas de sua vida aqui na Terra.
Paulo Bomfim faria 95 anos, mas decidiu encontrar seus maiores nos sertões do Paraíso e foi antes, à frente de sua bandeira, desvendar os campos do Senhor. Ele só esqueceu que os que ficaram sentem saudades.
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