O castigo do carrasco
Certa manhã de primavera, com o sol iluminando as encostas do Monte Olimpo, Ganimedes foi acordado pelo som da campainha da porta da morada dos deuses. Quem poderia ser? Àquela hora, e no Olimpo! O imortal se levantou e, nu, exibindo o corpo perfeito, foi ver quem era.
Ao abrir os portões de bronze, deu com uma águia com ar triste pousada no mármore da entrada. Lembrando-se de sua aventura, quando, raptado por Zeus e transformado em águia, foi amado pelo deus dos deuses num longo voo cósmico, Ganimedes, se apiedou da ave e foi com toda a boa vontade que perguntou por que ela batia nas portas do Olimpo.
A águia disse que precisava falar com Zeus, que estava sendo injustamente punida e que na punição tinha o dedo do deus, que, com certeza, no momento da decisão, tomado pela ira contra Prometeu, não medira as consequências, nem vira que uma inocente seria seriamente afetada e injustamente castigada.
Ganimedes pediu que ela explicasse seu ponto e disse que, se entendesse a reivindicação da águia, intercederia por ela.
A águia contou que, para castigar Prometeu, por ter dado o fogo aos humanos, Zeus havia determinado que uma águia, todas as manhãs, eternamente, devorasse o fígado do Titã, que se recomporia durante a noite para ser comido de novo no dia seguinte.
Ela era a águia escolhida por Zeus e vinha pedir a intersecção de Ganimedes porque sabia de sua influência no Olimpo. Como o castigo era eterno, ela também era eterna e não aguentava mais eternamente comer o fígado de Prometeu. Quem estava sendo castigada era ela e não ele!
Convencido do direito da águia, Ganimedes falou com Zeus. Ele nega, mas estou certo que foi o deus quem ordenou a Hércules que, num de seus 12 trabalhos, libertasse o Titã. De verdade, ele estava libertando a águia.
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