Chuvas
Não existem duas chuvas iguais. Podem até ser semelhantes, mas não são iguais. A quantidade de água pode ser a mesma, o tempo pode ser o mesmo, a hora pode ser a mesma, mas as chuvas são, no máximo semelhantes, iguais jamais.
Uma cai enviesada para cá, outra para lá, uma terceira cai reta e uma quarta tem mais raios do que as outras. É assim que funciona, aliás, exatamente como acontece com quase tudo, tirando os clones, na natureza. Não existe nada exatamente igual. A semelhança é a grande marca registrada do universo e a regra se aplica de galáxias a vírus, de bactérias a dinossauros, de seres humanos a seres humanos.
Pode mais quem chora menos. A regra não vale para as chuvas, ou vale, a chuva que pode mais é a mais forte, a mais constante ou a mais criadeira, cada uma tem seu ponto forte e vai usá-lo para puxar a brasa para sua sardinha. Tanto faz o que os outros achem.
Uma tempestade de verão entrando forte, puxada pela ventania que vem na frente, é um espetáculo alucinante, de uma beleza única, na força da natureza incontrolável varrendo o que fica no seu caminho, sem se preocupar com certo ou errado.
A chuva criadeira que cai constante por um longo tempo, regando a terra com a água essencial para as sementes e as raízes, tem a poesia da vida no cheiro da natureza molhada.
Uma garoa intermitente pode ser a marca de uma região, como já foi a marca de São Paulo, quando era a “terra da garoa”.
Chuva pode ser um bem ou não. Pode gerar vida e pode tirar vidas, pode criar e pode destruir. Na sua frequência, todas as chuvas têm suas particularidades, que podem trazer fartura ou desespero. Mas para o planeta tanto faz, a chuva é só um fenômeno natural.
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