A tranqueira
A principal razão do colégio dos jesuítas ter aglutinado os moradores do planalto foi sua localização, mais inteligente do que a da vila de Santo André.
Enquanto os jesuítas escolheram uma colina íngreme, cercada por cursos d’água, a vila de João Ramalho ficava numa região fácil de ser atacada, sem grandes obstáculos para diminuir o ímpeto dos agressores.
E no começo da história, um ataque era uma ameaça concreta, que inclusive aconteceu mais de uma vez.
Quando os jesuítas decidiram erguer sua “casa dos meninos” na colina, não foi por causa da vista, mas para se defenderem melhor.
Quem atacava o planalto eram índios inimigos de Tibiriçá e dos portugueses. E estes não eram poucos, sendo que o movimento mais importante foi com certeza a Confederação dos Tamoios, com quem a paz foi conseguida graças a Nóbrega e a Anchieta, que se arriscaram pessoalmente, seguindo para o território inimigo, onde Anchieta ficou como refém até a paz ser negociada.
Por conta desse risco concreto, em 1560 o governador geral do Brasil ordena que a vila de Santo André mude de lugar, para se instalar na mesma colina onde desde 1554 estavam os jesuítas.
Mas se a colina era de fácil defesa, suas encostas e os rios que a rodeavam não eram suficientes para tranquilizar os moradores. A vila tinha também uma muralha, feita de terra e paus, que a rodeava inteiramente, permitindo o ingresso apenas por quatro portões.
Mas se a tranqueira existia, ela exigia cuidados em que rapidamente ninguém quis prestar atenção e o resultado foi ela acabar cheia de buracos, feitos pelos próprios moradores de São Paulo.
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