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As plantas sem nome

São Paulo é pródiga em árvores impressionantes pelo tamanho, pela copa, pela florada ou pela localização. Agora mesmo, acabam de podar e arrancar as raízes de uma enorme figueira plantada numa praça no Pacaembu. No chão, apenas a marca clara do local em que a árvore frondosa sempre esteve, nos últimos 60 anos.

Este é um problema sério. Parte das árvores plantadas na cidade envelheceram, estão doentes ou comidas pelos cupins e podem cair a qualquer momento. Basta uma ventania de verão para completar o trabalho. Não há nada a ser feito, exceto cuidar melhor das que estão saudáveis.

A cidade tem tipuanas, ipês, quaresmeiras, espatódias, pau-ferro, mangueiras, abacateiros, eucaliptos e mais dezenas de árvores de todos os tipos e tamanhos, plantadas nas mais diferentes regiões. Para não falar nos arbustos, como as azaleias que enfeitam praças e jardins e tapam os muros das casas construídas até a metade do século passado.

Todas têm suas manias, seus tiques e por isso são únicas e chamam a atenção. Ocupam seu espaço, dão as cartas e cortam de cima, enfeitando São Paulo com suas copas, suas floradas e seus galhos.

Algumas se destacam pelo tamanho, caso das nogueiras e figueiras plantadas nas praças. Outras se notabilizam pelas floradas intensas, como os ipês e as quaresmeiras. Outras são delicadas como os resedás espalhados pelo Butantã. E por aí vamos.

Mas a cidade vai muito além. Tem outras plantas espalhadas nos locais mais improváveis, nos terrenos baldios, nas praças de periferia, nos grandes parques, nos jardins bem tratados das casas cuidadas com capricho e nos jardins abandonados das casas maltratadas.

São plantas anônimas, que ninguém conhece ou sabe de onde vieram. Arbustos, flores, gramas e capins, sem nome, todas lindas.

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Crônicas da Cidade vai ao ar de segunda a sexta na Rádio Eldorado às 5h55, 9h30 e 20h.

Antonio Penteado Mendonça

Advogado, formado pela Faculdade de Direito Largo São Francisco, com pós-graduação na Alemanha e na Fundação Getulio Vargas (FGV). Provedor da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo (2017/2020), atual Irmão Mesário da Irmandade, ex-presidente e atual 1º secretário da Academia Paulista de Letras, professor da FIA-FEA e do GV-PEC, palestrante, assessor e consultor em seguros.