Pressione enter para ver os resultados ou esc para cancelar.

Eu preciso de você

Às vezes, a gente faz coisas, fala coisas que machucam o mais fundo da alma de quem a gente ama, de quem a gente nunca sonhou em ferir, e que, no entanto, num momento tolo, num momento que não deveria existir, de absoluta irreflexão, acaba ferindo fundo e se arrependendo.

Na hora qualquer pretexto é um pretexto, qualquer palavra uma espada. É preciso ferir, cortar, magoar, arrancar sangue, para só depois percebermos o tamanho da besteira e nos arrependermos até as lágrimas, que caem soltas, sem consolo ou redenção.

Nesta hora, amor, tenha pena de mim. Toma-me em teu colo e me conta estórias bonitas, estórias de príncipes valentes e cavaleiros andantes, para que, de novo, eu possa me encontrar e nunca mais te ferir.

Nesta hora tenha pena de mim, tenha pena da minha fraqueza, porque eu sou fraco, e estou cansado, e não sei o que fazer, nem onde estão as respostas.
Me ajude. Por favor, amor, me ajude, para que eu nunca mais sequer sonhe em te ferir, falando as coisas que eu te falei.

Me ajude a ser de novo forte, a encontrar o meu rumo, que é o teu rumo e que me ampara, me mostra o norte e me abre a fonte.
Amor, eu sou forte, mas sou humano. Me dê tua mão para que eu me levante e prossiga, fazendo o sonho bom ser a realidade e que a tua vida seja este sonho.

Eu preciso de você como a terra precisa do sol. Tem pena de mim, me desculpa e me aceita outra vez, mesmo ferida, mesmo magoada, e coloca minha cabeça em teu colo e me faz cafuné, para que eu adormeça e a vida tenha tempo de curar a ferida que eu abri em teu peito.

Faz com que eu chore todas as lágrimas necessárias para lavar tua alma. Faz que eu me encoste em teu colo e sinta no teu respirar a terra donde brota a semente que germina e abre em trigo.

Me ensina de novo a fazer o pão da vida e a dividi-lo com você. Que eu reaprenda a repartir o pão e o sonho. Que eu reaprenda a estender a mão. Que me minha mão lentamente enxugue a lágrima que arde em tua face e que escorre de teu peito machucado, estupidamente machucado só porque eu estava cansado, só porque eu estava com medo, só porque eu também sou humano e acabo me perdendo em mim mesmo e ferindo quem eu amo.

Tem dó, amor, da minha dor. Me embala… E encosta tua cabeça em meu colo, para que eu também te faça esquecer a imensa tristeza.

___
Siga nosso podcast para receber minhas crônicas diariamente. Disponível nas principais plataformas: SpotifyGoogle Podcast e outras.

Crônicas da Cidade vai ao ar de segunda a sexta na Rádio Eldorado às 5h55, 9h30 e 20h.

Antonio Penteado Mendonça

Advogado, formado pela Faculdade de Direito Largo São Francisco, com pós-graduação na Alemanha e na Fundação Getulio Vargas (FGV). Provedor da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo (2017/2020), atual Irmão Mesário da Irmandade, ex-presidente e atual 1º secretário da Academia Paulista de Letras, professor da FIA-FEA e do GV-PEC, palestrante, assessor e consultor em seguros.