O Pai do Armando
Em 1975, eu desci o rio Amazonas de barco, pegando carona nas margens. Fomos, o Rodrigo Mesquita e eu, de Benjamim Constant, na fronteira com a Colômbia, até Manaus, numa viagem maravilhosa, a maior parte dela no barco do Guaraná Baré, que trocava mantas de pirarucu por cerveja Antarctica e tinha dois pinguins pintados na chaminé.
Por que estou lembrando disso? Porque, anos depois, batendo papo no escritório, descobri que o Guaraná Baré era do avô do Dr. Armando Char, um grande advogado e o melhor sócio que alguém pode ter. Eu sei por que ele é meu sócio há muitos anos.
Entre os presentes que o Armando generosamente me deu, seu pai tem um lugar especial, ao lado da mulher, Katya, e da filha, a Bia. Seu Durvalino era um homem diferente, especial, daqueles que riem com os olhos e olham gostoso para você.
Durante anos, tive o privilégio de bater longos papos com ele. Quando, por alguma razão, ele visitava o Armando e eu descobria que ele estava no escritório, ia para a sala do meu sócio, me sentava e deixava a conversa correr solta. O pai do Armando tinha histórias maravilhosas e ele contava com graça, transformando o mais banal em algo bom, ou divertido, ou suficiente para encompridar a conversa, até quando não tinha mais jeito e eu precisava voltar a trabalhar.
Para mim, ele sempre foi o “Pai do Armando”. Não me lembro de tê-lo chamado pelo nome nem uma única vez. Sempre nos tratamos com bastante proximidade, mas nunca o chamei de Seu Durvalino, mesmo quando fazia alguma pergunta ou comentário sobre o que ele contava.
O “Pai do Armando” morreu. Saiu desta vida para entrar na eternidade e reencontrar quem lhe era caro, quem ele amou. “Pai do Armando”, que a eternidade seja sua amiga. E você, meu sócio, bola pra frente. A vida segue.
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