As chuvas ainda não vieram
As chuvas ainda não chegaram com a violência típica do verão, nem com as quantidades de água que costumam cair do céu entre janeiro e março. É verdade, já caiu muita chuva, em muito pouco tempo, então a cidade ter inundado em áreas específicas está certo, faz parte do jogo, ainda mais se for a Vila Pantanal, que tem como diferencial ser mais baixa do que a calha do Rio Tietê.
Diz a lenda que chora menos quem pode mais. No caso, parece que a chuva está levando nítida vantagem. Não só porque é permanentemente líquida, mas porque está recebendo uma ajuda com grande tradição, tanto faz quem seja o governo.
De um lado, as mudanças climáticas estão mudando a ordem natural do tempo e criado variantes novas, capazes de destruir muito mais em muito menos tempo. E de outro lado, por incrível que pareça, está o poder público, que deveria ter entre suas missões defender a sociedade, mas faz tempo que, quando o faz, o faz precariamente.
No caso das enchentes que têm atingido a cidade, as tempestades estão entrando com muito mais força e a administração, mesmo sabendo que isso aconteceria, não limpou boa parte dos bueiros da cidade.
Com os bueiros entupidos e mais chuva caindo do céu só poderia acontecer o que tem acontecido. Áreas que não ficavam debaixo d’água, estão ficando e áreas que já ficavam estão ficando mais ainda.
O resultado é que mais gente está perdendo o que tem e o que não tem, com a agravante de não ter concretamente a quem recorrer. A maioria da população atingida sabe que não vai acontecer nada, que não será auxiliada. E tem os teimosos ou os que podem entrar com processos. Esses, no futuro, podem receber alguma coisa, mas, como diz meu amigo Nalini, justiça que demora não é justiça.
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