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Os carros e seus donos

[Crônica de 10 de maio de 1998]

A entrada do Brasil no mundo pode ser vista pelas ruas da cidade, no número cada dia maior de carros importados, alguns lindos, outros nem tanto, que trafegam por elas, como um permanente convite aos ladrões de todos os tipos que as infestam, para desespero da população e indiferença do secretário da segurança pública.

São máquinas que vão de carroças inferiores às que nós tínhamos, até o que existe de melhor em conceito e construção de automóveis.

Algumas são evidentemente piores do que os carros nacionais, e outras, mesmo sendo melhores, custam mais barato, o que faz a gente refletir sobre a injustiça dos impostos e a ganância dos fabricantes.

É isto aí, se os impostos brasileiros são altos – e são – por outro, os lucros das montadoras aqui instaladas também costumam ficar acima da média dos de suas fábricas espalhadas pelo mundo.

Assim, nem sempre os carros fabricados no Brasil guardam semelhança de preço com seus equivalentes estrangeiros.

Mas tudo bem, aos poucos a gente vai aprendendo e com alguma paciência, ainda haveremos de chegar lá.

O que é uma injustiça e esta ninguém conserta é que alguns carros não merecem os motoristas que têm.

São máquinas famosas demais, perfeitas demais, para serem conduzidas por gente que não tem a menor noção do que significa dirigir, e as humilham, fazendo besteiras de todos os tipos, atrás dos imponentes símbolos que as identificam, e que, sem que elas concordem, as identificam com estes motoristas, diminuindo-lhes o brilho e manchando a sua fama.

O que pode ser mais triste do que um potente BMW ou um reluzente Mercedes a míseros 70 km/h, pela esquerda, atrapalhando o tráfego de um a estrada?

É de dar pena, não do motorista, mas do carro. Com certeza ele não merece o motorista que tem.

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Crônicas da Cidade vai ao ar de segunda a sexta na Rádio Eldorado às 5h55, 9h30 e 20h.

Antonio Penteado Mendonça

Advogado, formado pela Faculdade de Direito Largo São Francisco, com pós-graduação na Alemanha e na Fundação Getulio Vargas (FGV). Provedor da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo (2017/2020), atual Irmão Mesário da Irmandade, ex-presidente e atual 1º secretário da Academia Paulista de Letras, professor da FIA-FEA e do GV-PEC, palestrante, assessor e consultor em seguros.