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O Centro Velho estragado

[Crônica de 6 de maio de 2014]

Quando comecei a trabalhar, o Centro Velho e o Centro Novo ainda eram o coração de São Paulo. Ruas como da Boa Vista, 15 de Novembro, Marconi, Barão de Itapetininga eram endereços da moda, assim como o Mappin, na Praça Ramos de Azevedo, era sinônimo de potência econômica.

Quem conheceu, conheceu, quem não conheceu não vai conhecer mais. São Paulo não para e, ao longo dessas décadas, saiu de lá, subiu para a Paulista, desceu para a Faria Lima e foi em frente, Vila Olímpia, Berrini, Marginal do Pinheiros… sempre sem limites, numa rapidez assustadora.

Hoje os centros Velho e Novo dão pena. Sujos, maltratados, abandonados, algumas áreas tomadas pelos viciados em crack, que fizeram do pedaço uma enorme lata de lixo, a cidade vai se deteriorando enquanto a administração municipal faz de conta que não é com ela, ou nem isso, faz de conta que entende o que está acontecendo e que está tudo sob controle.

Governar não é encher a cidade de moradores de ruas completamente drogados. Também não é fingir que as coisas vão dar certo e que os programas de recuperação de drogados têm mais que uma única mínima chance de dar certo.

Quem mexe com isso sabe que não tem. Sabe até que não é assim que se faz, mas, tanto faz, aqui é assim. Portanto, assim será. E dane-se quem quer a cidade para os cidadãos.

Um lugar limpo, seguro, com ar puro, trânsito educado e gente andando nas ruas sem medo do crime. Esse lugar existe, mas fica longe. Em algum lugar do outro lado do arco-íris.

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Crônicas da Cidade vai ao ar de segunda a sexta na Rádio Eldorado às 5h55, 9h30 e 20h.

Antonio Penteado Mendonça

Advogado, formado pela Faculdade de Direito Largo São Francisco, com pós-graduação na Alemanha e na Fundação Getulio Vargas (FGV). Provedor da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo (2017/2020), atual Irmão Mesário da Irmandade, ex-presidente e atual 1º secretário da Academia Paulista de Letras, professor da FIA-FEA e do GV-PEC, palestrante, assessor e consultor em seguros.