A Fátima é ótima
O Brasil é o país das oportunidades e das desigualdades. É o país onde o amigo do rei fica rico sem merecer e onde o que não é amigo do rei, por vontade do rei, sem levar em conta nada além da sua vontade, fica pobre e quebra, tendo que despedir milhares de funcionários porque o rei quis de outro jeito.
É o país onde mais de cem milhões de pessoas ganham até dois salários-mínimos, onde sessenta milhões de pessoas são vulneráveis à fome e onde voam milhares de jatos e helicópteros privados.
É o país onde uma mulher batalhadora, há mais de vinte e cinco anos, dá conta da vida, emprega mais de dez funcionários e presta um serviço da melhor qualidade.
A “Fátima é Ótima” é uma barraca de comes e bebes na beira da praia de Pitangueiras, no Guarujá. Há mais de vinte cinco anos ela está lá, com sua lona branca e azul chamando a atenção dos banhistas que usam a praia e que alugam suas cadeiras e guarda-sóis ou pedem petiscos, refrigerantes e cerveja gelada, enquanto aproveitam o dia, este ano, graças a Deus, sem música de qualquer espécie porque caiu a ficha do prefeito que é melhor agradar a maioria do que fazer média com uma minoria que não vota e gasta pouco, porque faz o bate e volta e traz de casa a geladeira abarrotada com tudo que vai consumir.
Falar da “Fátima é Ótima” é ficar com água na boca, pensando nos pastéis de queijo, na lula e em todas as alternativas que ela oferece. Seus colaboradores são atenciosos e competentes e ela montou um sistema de controle que dá números para os guarda-sóis o que facilita o atendimento e a certeza na conta.
Este ano, fora ela e o filho, trabalham na sua barraca quatorze pessoas. E trabalham bem, o que explica o seu sucesso.
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