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Os hibiscos floridos

Tem gente que gosta dos hibiscos, tem gente que não gosta dos hibiscos, tem gente que nem sabe o que são os hibiscos.

Gente que, andando pelas calçadas da USP, de repente fica espremida pelo renque de arbustos que avança da cerca, com suas folhas escuras e suas flores vermelhas.

Gente que pergunta que arbustos são aqueles e gente que não pergunta, simplesmente segue em frente, contente com as flores, mas sem nenhum interesse em saber de quem são elas.

Os hibiscos da USP estão floridos, não está claro se para competir com as paineiras ou se para ajudá-las na missão de enfeitar a cidade entre as quaresmeiras que já floriram e os ipês que ainda não chegaram.

Dizem os mais familiarizados com o tema que existe uma cumplicidade latente entre os hibiscos floridos e as capivaras que pastam atrás deles, escondidas no gramado que ladeia a raia de remo.

Pode ser que sim, pode ser que não… eu com certeza não sei. Não tenho os meios hábeis para saber, até porque não sou especialista em hibiscos e muito menos conheço as rotinas e as cismas das capivaras.

O que eu sei delas é pouco. São os maiores roedores do país, como os ratos, se multiplicam com enorme rapidez e passam doenças, como a febre maculosa, que pode levar à morte.

Também não sei muito dos hibiscos. Sei que, quando era criança, o muro da casa dos meus pais era fechado com um renque de hibiscos e que eles floriam como os arbustos da USP, enfeitando o muro com suas flores vermelhas.

Algumas lembranças não têm por quê. Os hibiscos da casa dos meus pais estão entre elas, mas é uma lembrança boa, que me faz ter simpatia pelos arbustos da USP.

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Antonio Penteado Mendonça

Advogado, formado pela Faculdade de Direito Largo São Francisco, com pós-graduação na Alemanha e na Fundação Getulio Vargas (FGV). Provedor da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo (2017/2020), atual Irmão Mesário da Irmandade, ex-presidente e atual 1º secretário da Academia Paulista de Letras, professor da FIA-FEA e do GV-PEC, palestrante, assessor e consultor em seguros.