Paulo Nathanael
Meu querido amigo Paulo Nathanael Pereira de Souza morreu no dia 25 de maio. Morreu dormindo, ao que parece, sem sofrimento. Fazia tempo que ele estava com a saúde fragilizada, mas nem por isso faltava às sessões semanais da Academia Paulista de Letras. Ia de cadeira de rodas, com garrafa de oxigênio, levado por um cuidador competente e carinhoso, que prestava atenção nele durante todo o tempo que ficava lá.
Mas se a morte faz parte da vida de todos nós, ou melhor, a morte encerra as nossas vidas, e eu tenho outros amigos que morreram sem escrever uma crônica para eles, por que Paulo Nathanael merece essa deferência?
É simples. Paulo Nathanael foi um dos grandes educadores deste país. Não apenas um especialista, mas um educador, alguém que, ao longo da vida, pôs a mão na massa, vestiu a camisa, lutou por um ensino melhor e mais inclusivo.
Professor, formulador de políticas públicas para a educação, conhecedor do quadro dramático da realidade de grande parte dos jovens brasileiros, ele dedicou sua vida a buscar soluções para melhorar o quadro e dar uma educação de qualidade para milhões de alunos que até hoje sofrem sem um currículo eficiente.
Que o diga a piora na avaliação dos alunos das escolas públicas paulistas, teoricamente, as mais preparadas para formar jovens capacitados a seguir em frente em suas carreiras vitoriosas.
Tive o privilégio de conviver com Paulo Nathanael por mais de trinta anos. Fomos amigos, fomos parceiros na luta pela capacitação de jovens para os desafios do mundo profissional e fomos companheiros de Academia Paulista de Letras. Sua morte entristece os acadêmicos da Academia Paulista de Letras, mas, mais do que isto, empobrece o ensino no Brasil.
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