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Aonde foram parar os chapéus?

Um marco em São Paulo no século passado que ficou para trás

Antigamente na cidade de São Paulo, chapéus eram itens indispensáveis para mulheres e homens saírem nas ruas, eram também sinônimo de status e de elegância. Dos mais simples aos mais sofisticados, eles faziam parte do vestuário e os modelos variavam de acordo com a ocasião. Mas a partir dos anos de 1950, este cenário mudou e nem nos eventos de gala este acessório era mais exigido. Um dos culpados é o automóvel.

Olhando fotos antigas de São Paulo, podemos observar homens e mulheres com seus chapéus, sempre em compasso com as roupas escolhidas. Cartola e chapéus eram confeccionados de vários materiais, entre eles, palha, feltro e pelo de coelho, este último considerado o mais sofisticado, e os modelos Clochê e Fedora que caíram no gosto feminino.

O centro da cidade era o reduto de lojas destes artigos, como a Rua Santa Ifigênia, que deu lugar aos eletrônicos, e a Rua Seminário, que abrigava dezenas de lojas de chapéus que foram desaparecendo ao longo do tempo. Duas das mais tradicionais, a El Sombrero e a Chapelaria Paulista, tentaram resistir, mas fecharam as suas portas no início desta década. Mas há também a tradicional A Esquina Chapelaria, que continua firme e forte.

E se observar, raramente vemos hoje nas ruas pessoas usando este acessório, isto é comum na praia, obviamente para se protegerem do sol, e a geração mais nova optou pelo boné e as boinas. O chapéu, que era sinônimo até de glamour, ficou para trás em um tempo distante, no final da década de 1950 ele foi saindo de moda, passando a não ser mais um acessório obrigatório.

Mas isto também tem muito a ver com o automóvel. Você sabia que até os anos de 1940, os carros eram fabricados com o teto mais alto?. Sim, eles eram, e ninguém tinha dificuldade de entrar em uma dessas máquinas sem precisar tirar o seu chapéu. O teto deles diminuiu e ao mesmo tempo vieram os carros conversíveis, o chapéu perdeu o seu espaço, mas não o seu charme.

Antonio Penteado Mendonça

Advogado, formado pela Faculdade de Direito Largo São Francisco, com pós-graduação na Alemanha e na Fundação Getulio Vargas (FGV). Provedor da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo (2017/2020), atual Irmão Mesário da Irmandade, ex-presidente e atual 1º secretário da Academia Paulista de Letras, professor da FIA-FEA e do GV-PEC, palestrante, assessor e consultor em seguros.