O abismo social
Sábado é o Dia da Consciência Negra, mas em apenas uma ano, aumentou em quase 30% a taxa de registros de casos no racismo no País e as diferenças sociais são grandes
No próximo sábado é comemorado o Dia da Consciência Negra. A data foi oficializada por uma lei de 2011, sendo feriado em 1.044 cidades do País. Antes disso, na década de 1970, ativistas ligados a um grupo de quilombolas no Rio Grande do Sul passaram a reivindicar a celebração do Dia da Consciência Negra no Brasil, na mesma data. Em 1978, surgiu o Movimento Negro Unificado no País, que passou a promover várias ações para pensar a consciência negra e lutar contra o racismo no Brasil.
A data escolhida para ser o Dia da Consciência Negra é uma homenagem a Zumbi, o líder do Quilombo de Palmares, que morreu nesse dia, em 1695. Segundo o IBGE, 56,1% dos brasileiros se declaram negros, grupo que reúne pretos e pardos. E o abismo social no País é grande e só aumentou com a pandemia, além do inadmissível racismo que ainda persiste, mesmo sendo um crime previsto na Lei 7.716/1989.
Apenas para citar algumas estatísticas, também de acordo com o IBGE, em sua Síntese de Indicadores Sociais, de 2020, entre os 10% mais pobres no País, 21,9% são brancos e 77,0% são negros. Já entre os 10% com maiores rendimentos, 70,6% são brancos e 27,2% são negros. O que evidencia que o negro está mais presente na fatia mais pobre a população.
Agora falando sobre racismo, apenas no ano passado, aumentou em 29,8% a taxa de registros de casos no Brasil em comparação a 2019, passando de 1,22 por 100 mil habitantes para 1,58. Já os registros de injúria racial caíram 20,2% no período, conforme consta no 15º Anuário do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP).
Enquanto a injúria racial consiste em ofender a honra de alguém valendo-se de elementos referentes à raça, cor, etnia, religião ou origem, o crime de racismo atinge uma coletividade indeterminada de indivíduos, discriminando toda a integralidade de uma raça. Ao contrário da injúria racial, o crime de racismo é inafiançável e imprescritível. Mas fica a questão: quantos já foram punidos no Brasil por esse tipo de crime?
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