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Ficou feio

O mundo veio abaixo e entrou pelo Rio Grande do Sul com tudo. O estrago foi amplo, geral e irrestrito. Centenas de municípios gaúchos de repente estavam debaixo d´água. Não uma chuvinha de outono, mas tempestades avassaladoras, capazes de levar na enxurrada o que tinha pela frente.

As cenas mostradas pelas televisões foram impressionantes. Para os brasileiros que acreditavam que Deus era brasileiro, por isso aqui não aconteciam grandes tragédias naturais, o Rio Grande do Sul foi o pesadelo no qual a gente acorda e descobre que não está sonhando.

Foi o terceiro de uma série de eventos, que começaram no segundo semestre do ano passado, e que tiveram início com uma tempestade tropical de rara intensidade. Logo depois do Estado sair do estado de atenção, veio outra série de tempestades e, quando parecia que tudo entraria nos eixos, se formou a tempestade perfeita, que entrou com tudo, varrendo o Estado, quebrando marcas históricas, criando paradigmas que daqui pra frente deverão ser levados a sério, porque a régua subiu e as consequências tendem a ser cada vez mais sérias.

Ver Porto Alegre debaixo d’água foi assustador. Ver as barragens se romperem foi assustador. Ver a chuva se converter em enxurradas, engrossando os rios e as águas se espalharem foi assustador. Mas mais assustador foi ver as pessoas atingidas pela catástrofe, abrigadas em telhados que poderiam não ser suficientemente altos para protegê-las das águas subindo, mesmo depois da chuva parar.

A contrapartida, magra, mas maravilhosa, foi a solidariedade que brotou instantaneamente e que fez milhares de pessoas que haviam perdido tudo se unirem para auxiliar outras pessoas que também haviam perdido tudo. A solidariedade que diziam que os brasileiros não têm…

 

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Crônicas da Cidade vai ao ar de segunda a sexta na Rádio Eldorado às 5h55, 9h30 e 20h.

Antonio Penteado Mendonça

Advogado, formado pela Faculdade de Direito Largo São Francisco, com pós-graduação na Alemanha e na Fundação Getulio Vargas (FGV). Provedor da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo (2017/2020), atual Irmão Mesário da Irmandade, ex-presidente e atual 1º secretário da Academia Paulista de Letras, professor da FIA-FEA e do GV-PEC, palestrante, assessor e consultor em seguros.