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O presidente disse

O dólar está alto, a dívida interna está alta, o déficit público está alto. O crescimento está baixo, a inflação está baixa, mas ameaça subir. E por aí vamos, num quadro que mostra a rápida deterioração da economia.

É verdade, o mundo está doente. No cenário atual é quase certo que Trump retorna à presidência norte-americana, o crescimento da extrema direita na Europa foi marcado pelo desempenho na França e a Grã-Bretanha está pronta para dar a maior sova da história no Partido Conservador.

Nada de novo debaixo do céu. A Itália já tinha seguido por esse caminho. A tranquila Suécia tem a direita na coalizão do governo e a Holanda passou um perrengue, enquanto Rússia, China e Coreia do Norte seguem na sua toada de sempre, com seus líderes esperando o que sai da caixa de surpresas do Ocidente.

Mas a quase crise brasileira tem pouco a ver com isso. A nossa crise é nossa e ninguém tasca. A série de bobagens que vão acontecendo é suficiente para derrubar o sonho mais otimista e jogar o Brasil numa das tradicionais mazelas que nos afetam de década em década.

Agora, o presidente está preocupado e disse que tem que fazer alguma coisa. É verdade, tem. E a melhor coisa que pode ser feita é o presidente parar de falar. Cada vez que ele abre a boca, o dólar sobe e a Bolsa caia. Não tem o que fazer, vai continuar assim, para alegria dos especuladores.

Tem gente que diz que o presidente precisa entender que, do jeito que vai, vai mal. Que suas ideias não se sustentam e que o mercado é mais forte do que ele, porque o chamado mercado é a soma de todas a forças do país e não vota majoritariamente no PT, nem obedece ao presidente.

Só que o presidente sabe disso. Ele não é bobo, nem está gagá. O presidente sabe porque está falando, o que está falando e onde vai chegar.

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Antonio Penteado Mendonça

Advogado, formado pela Faculdade de Direito Largo São Francisco, com pós-graduação na Alemanha e na Fundação Getulio Vargas (FGV). Provedor da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo (2017/2020), atual Irmão Mesário da Irmandade, ex-presidente e atual 1º secretário da Academia Paulista de Letras, professor da FIA-FEA e do GV-PEC, palestrante, assessor e consultor em seguros.