Roberto de Cerqueira César
[Crônica de 2 de junho de 2003]
No dia 25 de junho de 2003 o Brasil ficou mais pobre e São Paulo perdeu um homem muito especial. Morreu o arquiteto Roberto Cerqueira César, uma pessoa fundamental para o ordenamento físico da cidade nos últimos 40 anos.
Formado pela escola Politécnica da USP, Roberto Cerqueira César foi professor da FAU e companheiro, herdeiro e sucessor de Rino Levi num dos mais importantes escritórios de arquitetura do país.
Só isto, e alguns dos edifícios projetados por ele, como a sede da FIESP, na avenida Paulista, seriam suficientes para deixar claro seu traço marcando a cidade com seu tempo e seu espaço.
Mas Roberto Cerqueira César se aventurou também por águas diretamente opostas ao seu temperamento, e, na vida pública, foi quem criou a EMURB, para ordenar o crescimento da cidade, tendo sido o seu primeiro presidente. Depois, no governo Paulo Egídio Marins, foi quem implantou a Secretaria dos Negócios Metropolitanos e a EMPLASA, com a finalidade de ordenar a região Metropolitana de São Paulo, coordenando as ações entre o estado e os municípios, para permitir o crescimento harmonioso de uma das regiões mais populosas do mundo.
Foi como secretário dos Negócios Metropolitanos que ele deu para São Paulo a legislação de uso do solo que até hoje, quase trinta anos depois, ainda baliza a cidade e que se não fosse desrespeitado por outros governadores e prefeitos, teria permitido uma outra realidade, mais humana, mais econômica e mais lógica.
Mas o homem Roberto, íntegro, idealista e eficiente, era também tímido e de uma modéstia única. Por isso nunca quis os holofotes da fama e morreu como viveu: no seu canto, com a família e os amigos.
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