Verão é verão
Verão é ótimo. Tem férias, praia, montanha, esportes radicais, cerveja gelada, descanso, pra quem quer… muito descanso.
Mas o verão tem outro lado menos bonito, mais cruel. É no verão que o céu cai nas nossas cabeças e este verão tem sido particularmente duro na cobrança das contas do clima.
As tempestades têm entrado com força. Várias localidades já pagaram caro por estarem no seu caminho. Pessoas morreram, outras perderam tudo, outras, além de perderem tudo, não irão recuperar o perdido.
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As cenas dantescas das ruas transformadas em rios, com as águas arrastando carros, é a parte fácil da história. Do outro lado, as mesmas águas arrastam pessoas e as matam ao longo do percurso.
Não tem muito que se possa fazer, exceto rezar para que áreas de alto risco não sejam atingidas pelas tempestades mais violentas.
O Brasil tem centenas de pontos onde os riscos são maiores. Lugares em que a soma da topografia com a violência da natureza e a ocupação desordenada do solo é um convite a um desastre de grandes proporções.
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Não vamos imaginar que eles não ocorrem. Na década de 1960 Caraguatatuba foi soterrada pela Serra do Mar. O Monte Serrat, em Santos, já veio abaixo mais de uma vez. Petrópolis é o melhor exemplo no Rio de Janeiro e Blumenau não fica atrás, em Santa Catarina.
Ou nós começamos a planejar a ocupação das áreas urbanas ou os desastres devem aumentar de frequência e tamanho.
Enquanto permitirmos a Vila Pantanal não tem como ser diferente. Uma área mais baixa do que a calha do rio ao lado tem que inundar. Da mesma forma que a ocupação desordenada das encostas tende a deslizar. Ou criamos políticas públicas eficientes ou o quadro só vai piorar.
Crônicas da Cidade vai ao ar de segunda a sexta na Rádio Eldorado às 5h55, 9h30 e 20h.