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Mais de dez mil mortes em sete dias

 

Pode parecer história da carochinha, mas não é. O Brasil acaba de ultrapassar dez mil mortos por covid19 em uma semana. Mais de dez mil mortos é para deixar a população apavorada. Mas não é isso que se vê.

E não se vê por que o exemplo que vem de cima é o pior possível. Não há interesse do governo em coordenar o combate ao coronavírus. O resultado é que não temos vacina, o Ministério da Saúde mente, o Ministro da Saúde não sabe o que faz e o país segue sem rumo em meio ao caos.

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Tido como campeão de logística, ele seria imbatível no comando do combate à pandemia. No entanto, não conseguimos vacinar mais do que duzentas mil pessoas por dia, não temos vacinas e nem sequer a esperança de ter ao menos informações confiáveis.

Enquanto isso, o grande capitão afirma que a culpa é dos governadores, prefeitos e – por que não? – da população. Isso mesmo, da população. Afinal, em vez de ficar em casa como querem os governadores, o povo cai na gandaia, como sugere o Presidente.

Então a culpa é do povo, que não usa máscaras, enche a cara, abraça e beija em plena rua, sem maiores cuidados ou preocupações, como se a pandemia fosse festa de São João ou o carnaval que este ano não teve.

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Mais de dez mil mortos por semana quer dizer hospitais lotados, milhares de pessoas esperando, com medo de morrer porque as UTIs não têm vagas. Mães e pais morrem por falta de assistência. Jovens morrem por falta de ar. E pessoas morrem por outras causas porque não podem ser atendidas nos hospitais lotados pelas vítimas da covid19.

Mais de dez mil mortos em uma semana quer dizer mães morrendo porque não puderam ser atendidas. Esposas morrendo porque não puderam ser atendidas. Entes queridos morrendo porque não puderam ser atendidos. É apavorante, mas é assim. E na semana que vem vai piorar.

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Crônicas da Cidade vai ao ar de segunda a sexta na Rádio Eldorado às 5h55, 9h30 e 20h.

Antonio Penteado Mendonça

Advogado, formado pela Faculdade de Direito Largo São Francisco, com pós-graduação na Alemanha e na Fundação Getulio Vargas (FGV). Provedor da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo (2017/2020), atual Irmão Mesário da Irmandade, ex-presidente e atual 1º secretário da Academia Paulista de Letras, professor da FIA-FEA e do GV-PEC, palestrante, assessor e consultor em seguros.