O rabo da vaca
– É isso mesmo que a senhora entendeu. Eu não vou pagar o boleto porque a senhora me vendeu uma vaca sem rabo.
– Mas o senhor não acha meio sem sentido fazer isso? O senhor já pagou quatro boletos e nunca reclamou de nada, muito menos que uma das vacas que o senhor comprou não tinha rabo. Eu garanto para o senhor que todas as vacas que eu lhe vendi saíram da fazenda com rabo.
– Uma das vacas não saiu e eu não vou pagar o boleto.
– Meu senhor, fui eu que levei as vacas para a sua fazenda ou foi o senhor que retirou as vacas na minha fazenda?
– Fui eu que retirei, quer dizer, mandei o caminhão retirar.
– Pois é, tinha gente sua acompanhando os embarques, está certo? As noventa cabeças que o senhor comprou foram embarcadas na frente de gente sua, em caminhão seu. É isso, não é? Veja só que interessante. ninguém reclamou que uma vaca estava sem rabo na hora que a boiada foi embarcada. O senhor está falando isso agora, quatro boletos depois e quando eu peço que vaca foi e uma foto dela, o senhor diz que a vaca morreu…
– A vaca morreu. E quando ela chegou na fazenda, chegou sem rabo.
– Eu não duvido, mas o senhor já pensou que este rabo deve ter sido cortado durante o transporte, depois que ela foi embarcada na minha fazenda e antes de chegar na sua? Sua fazenda é no Mato Grosso. Quantos dias de viagem até lá? Será que no caminho a vaca não desceu para beber água?Você pode se interessar:
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– São três dias e a senhora pode até estar certa, mas isso não tem nada com a história… a vaca chegou sem rabo e eu não vou pagar o boleto.
E assim o Brasil vai em frente. Vale tudo para levar vantagem…até arrancar o rabo da vaca.
Crônicas da Cidade vai ao ar de segunda a sexta na Rádio Eldorado às 5h55, 9h30 e 20h.
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