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Estrada de terra sem buracos

 

Faz pouco tempo, fui passar o fim de semana num hotel fazenda em Itu. É bom às vezes sair da cidade e entrar de cabeça no campo, ainda mais numa região linda, com a paz do lugar se espalhando pelo corpo e pela mente.

Foi uma viagem muito gostosa e o fim de semana valeu a pena, mas a razão da crônica é outra.

Para chegar no hotel fazenda o motorista tem que enfrentar oito quilômetros de estrada de terra.

Estradão largo, mas não tão largo como era o “Estradão” da minha infância, a antiga Estrada São Paulo/Campinas, que, no trecho que cortava Louveira e ia até Vinhedo, era de terra.

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É aí que vem o nó. A estrada de terra entre a rodovia e o hotel fazenda parece um tapete esticado se comparada com boa parte das ruas de São Paulo.

O lógico é as estradas de terra terem costelas de vaca, buracos causados pela erosão, trechos de areia, outros que, se chover, viram lama.

O lógico seria isto, mas, neste país fora de contexto, o lógico nem sempre é lógico. Então a estrada de terra, bem aplainada, bem tratada fica muito mais suave do que pelo menos metade das ruas da Capital, incluídas algumas avenidas de nomeada que atualmente se assemelham muito mais a pistas de teste para veículos fora de estrada e tanques de guerra.

Ao entrar na rodovia, o carro agradece a felicidade de rodar fora das ruas da cidade alucinada. As rodovias paulistas são as melhores do país e isso é um alívio para a máquina, que, feliz, agradece.

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Alívio que surpreendentemente prossegue em todo o trajeto de terra entre a rodovia e o hotel fazenda. O carro corre macio, não tem tranco nem buraco seco onde cair quer dizer quebrar a roda ou arrebentar a suspensão.

Quem sabe parar de asfaltar nossas ruas seja a melhor solução.

Crônicas da Cidade vai ao ar de segunda a sexta na Rádio Eldorado às 5h55, 9h30 e 20h00

Antonio Penteado Mendonça

Advogado, formado pela Faculdade de Direito Largo São Francisco, com pós-graduação na Alemanha e na Fundação Getulio Vargas (FGV). Provedor da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo (2017/2020), atual Irmão Mesário da Irmandade, ex-presidente e atual 1º secretário da Academia Paulista de Letras, professor da FIA-FEA e do GV-PEC, palestrante, assessor e consultor em seguros.