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Guarujá

 

Dizem que Guarujá já foi muito melhor do que é hoje. Dependendo do aspecto, é verdade. Nas décadas de 1950, 60 e 70 era menos povoado, menos pessoas iam para lá nas férias. A ilha tinha dois núcleos: o Guarujá e o Itapema, que virou Vicente de Carvalho.

A ligação entre eles era feita de trem, ou por uma estrada que não melhorou muito com o passar dos anos. No fim do Itapema fica a Base Aérea, que tem gente querendo transformar em aeroporto comercial.

Naquela época, a praia das Astúrias não tinha prédios, o Tombo era um bairro com casas simpáticas, antiquários e artesanatos, no caminho para o Guaiúba, que ameaçou ser a melhor praia da ilha, mas acabou perdendo o lugar para Pernambuco. O que ele nunca perdeu foi o por do sol.

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A Enseada era um “praião” estendido por todos os seus quilômetros, com uma estradinha com casas na frente da praia e, anos depois, a avenida que segue pelo fundo, ligando Pernambuco e os predinhos entre elas.

Andar pelas ruas a qualquer hora do dia era seguro, não tinha assaltos, nem crimes violentos. E o grande programa que dava origem a todo o resto era ir ao Cinema Novo.

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Hoje, Guarujá mudou muito, cresceu, Vicente de Carvalho é o polo eleitoral e as comunidades que tomaram os morros de trás se espalham pelas encostas. Entre a cidade e a bals,a a área urbana fechou o pedaço e a avenida que leva à balsa e ao Iate Clube, que tinha espaço de sobra, está espremida pelos prédios de seus lados.

Astúrias é um paliteiro, Pitangueiras não tem espaço vazio e a Enseada está se verticalizando, com prédios altos tomando o lugar dos predinhos baixos que eram sua marca registrada.

As praias ficam lotadas, as ruas ficam lotadas e o trânsito é ruim. Mas Guarujá continua Guarujá e eu gosto de lá.

Crônicas da Cidade vai ao ar de segunda a sexta na Rádio Eldorado às 5h55, 9h30 e 20h.

Antonio Penteado Mendonça

Advogado, formado pela Faculdade de Direito Largo São Francisco, com pós-graduação na Alemanha e na Fundação Getulio Vargas (FGV). Provedor da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo (2017/2020), atual Irmão Mesário da Irmandade, ex-presidente e atual 1º secretário da Academia Paulista de Letras, professor da FIA-FEA e do GV-PEC, palestrante, assessor e consultor em seguros.