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Sonhar ainda não paga imposto

 

Sonhar ainda não paga imposto, mas não tenho certeza de que no futuro continuará sendo assim. Não ficaria nem um pouco admirado se um governador de estado brasileiro decidisse cobrar ICMS sobre os sonhos.

A ganância de S. Exas. é de tal ordem que não me surpreenderia se fosse inventado um tributo sobre o descarte dos palitos dos pirulitos chupados pelas crianças.

O Presidente da República tem toda a razão quando diz que o preço da gasolina não é responsabilidade sua. A carga de ICMS que incide sobre os combustíveis é indecente, mas não há nada no horizonte que diga que os governadores mais gananciosos tenham qualquer intenção de mexer na alíquota.

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Para eles é indiferente se o imposto encarece o combustível e, consequentemente, encarece toda a cadeia produtiva nacional. Eles querem que os empresários se danem, desde que não deixem de pagar seus impostos. Aliás, eles querem que o povo se dane, desde que continue sendo sugado até o talo pelos impostos embutidos nos produtos essenciais à vida. que ricos e pobres precisam comprar.

É por isso que eu não duvido que alguém numa Secretaria de Planejamento de governo estadual, esteja, exatamente neste momento, fazendo planilhas para mostrar o ganho para o Tesouro se os sonhos fossem taxados.

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Não é preciso ir longe. Imagine quanto renderia o sonho dos torcedores de alguns times de vê-los campeões do mundo. A vantagem desse sonho é que ele se renova anualmente, e como um único time pode ser campeão, e o futebol brasileiro anda muito ruim, o potencial de arrecadação é quase ilimitado. Não duvide, alguém pode estar querendo taxar seus sonhos, inclusive de ser campeão do mundo.

Crônicas da Cidade vai ao ar de segunda a sexta na Rádio Eldorado às 5h55, 9h30 e 20h.

Antonio Penteado Mendonça

Advogado, formado pela Faculdade de Direito Largo São Francisco, com pós-graduação na Alemanha e na Fundação Getulio Vargas (FGV). Provedor da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo (2017/2020), atual Irmão Mesário da Irmandade, ex-presidente e atual 1º secretário da Academia Paulista de Letras, professor da FIA-FEA e do GV-PEC, palestrante, assessor e consultor em seguros.