A Olímpia mudou de endereço
A Olímpia mudou de endereço. Depois de uma vida inteira em Louveira, ela decidiu subir para o céu para cozinhar para os anjos. É uma perda imensa para quem gostava dela e não vai mais ter a figura doce, com o sorriso bom por perto nas horas fáceis e nas não tão fáceis.
Mas é um risco imenso para os anjos e, se a moda pega, os apóstolos podem ficar obesos em pouco tempo.
Comendo a comida da Olímpia no almoço e no jantar, os anjos vão engordar rapidamente. Então pode ser um problema para voarem, com suas asas pequenas não dando conta de carregar os corpos pesados, alimentados pelas preciosidades da Olímpia.
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A comida da Olímpia é um capítulo à parte na história da minha mocidade. Ela foi treinada por tia Lia para substituir a Maria do Paulo, na cozinha da fazenda de Louveira.
Começou moça e se aposentou idosa, depois de toda uma vida essencialmente passada na fazenda e, mais importante, pensada para nos deixar mais gordos e mais felizes.
Me parece honesto começar com o pastel da Olímpia. O pastel de queijo da Olímpia era uma iguaria capaz de deixar os deuses com vontade de mudar a receita da ambrosia.
E seu arroz e feijão eram imbatíveis! E combinavam com todos os outros pratos imagináveis, mas especialmente com um bom bife.
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Falar do doce de abóbora da Olímpia é covardia. Quem sabe o doce de leite fosse parelho. E o “creminho” deixava qualquer “creme brullé” no chinelo, muito antes de descobrirem que o “creme brullé” é uma sobremesa francesa, tida como fina.
Mas onde a Olímpia faz diferença é nela mesmo. Poucas pessoas foram tão especiais e tão boas. Com certeza, o céu está mais feliz.
Crônicas da Cidade vai ao ar de segunda a sexta na Rádio Eldorado às 5h55, 9h30 e 20h.