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A vez dos gafanhotos?

 

Depois do vexame de assistir abismado a fuga do Sr. Weintraub e da demissão sem posse do seu sucessor, o Brasil é contemplado, entre outros, com mais um desastre, além do coronavírus.

O Brasil conviveu durante séculos com as saúvas. A tradição é tão forte que no romance de Mário de Andrade, Macunaíma gritava, em pleno centro de São Paulo: “muita saúva e pouca saúde são os males do Brasil.”

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Nada que tenha mudado nestes anos. As saúvas continuam comendo o Brasil. Mas, há algumas décadas, migraram para Brasília, onde o estrago é muito maior, como mostrou o sucessor do Sr. Weitraub, que nem se sentou na cadeira e foi defenestrado por um currículo no mínimo inusitado.

Há quem diga que o mal nunca chega sozinho. Pode ser ou, no caso, parece que é. Não bastasse o suspense da nuvem de gafanhotos subindo da Argentina, uma nova ameaça decolou da África com destino às Américas: uma nuvem de areia do deserto do Saara está atravessando o Atlântico e, como diria minha avó: “ninguém sabe qual será o final disto tudo”.

De qualquer forma, seja qual for, parece que no mínimo teremos emoções fortes nas próximas semanas. Os gafanhotos entrarão no Brasil? Ficarão na Argentina? Comerão o Uruguai? Serão mais uma gripezinha devastadora, como o coronavírus? Serão fake, como o quase ministro da educação? Serão algo novo e desconhecido?

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Entre secos e molhados, vamos que vamos, porque atrás vem gente e o negócio é ir pra rua festejar o hipotético fim da pandemia, que está longe de acabar, mas que já é como se tivesse acabado.

Cadê as boas notícias? Serve até o Bandeirantes de Louveira ganhar o campeonato do interior. Só que não está tendo jogo, então, não dá pra ter muita esperança. Mas dizem que a crise vai ser menos dura do que diziam.
Enquanto isso, todos os dias morrem mais de mil pessoas.

Crônicas da Cidade vai ao ar de segunda a sexta na Rádio Eldorado às 5h55, 9h30 e 20h.

Antonio Penteado Mendonça

Advogado, formado pela Faculdade de Direito Largo São Francisco, com pós-graduação na Alemanha e na Fundação Getulio Vargas (FGV). Provedor da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo (2017/2020), atual Irmão Mesário da Irmandade, ex-presidente e atual 1º secretário da Academia Paulista de Letras, professor da FIA-FEA e do GV-PEC, palestrante, assessor e consultor em seguros.