Cadê a pandemia?
Será que a pandemia foi embora? Ninguém mais fala nela, ninguém mais presta atenção, ninguém mais se preocupa e, no entanto, continuam morrendo mais de oitocentas pessoas por dia.
Alguém vai dizer: “Está vendo? Conseguimos! Não são mais mil mortos por dia. A política de não enfrentamento do Governo deu certo, as ações do Ministério da Saúde são um sucesso! Agora só morrem oitocentos por dia.”
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Ok, oitocentos não são mil, mas, neste ritmo, teremos no final do ano duzentos mil mortos, o que não é bonito, não nos enche de orgulho, nem diminui a dor dos familiares e amigos dos que continuam morrendo.
As praias estão lotadas, as ruas estão lotadas. A única incerteza é quanto às escolas, se devem ou não abrir este ano. Não sei o que mais trinta dias ou menos trinta dias vão mudar na vida dos estudantes, mas não sou especialista na área. Como nesta matéria tem quem sabe muito, vamos ouvi-los e fazer o que dizem, pelo bem de nossas crianças.
Os ipês floriram, as jabuticabeiras deram frutos, as pitangueiras atropelaram as jabuticabeiras e as amoreiras, enfim, a vida segue em frente. Só que, ao contrário do que parece, no Brasil tem uma vírgula que atrapalha e cobra um preço caro.
É verdade, a economia começa a reagir, mas o desemprego continua nas alturas. A falta de oportunidade é absurda e não há nada que indique que o barco seguirá em frente em ritmo de festa, recuperando o que foi perdido só porque, para nós, a pandemia não existe.
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A queda do número de mortos é uma notícia muito boa, como também é saber que nossos profissionais de saúde aprenderam durante estes meses e que o tratamento hoje é mais brando e eficiente do que no início.
O que não pode é baixar a bola. Chega o que nós fizemos de errado até aqui. O coronavírus continua solto e ele mata sem compaixão.
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