Inverteram a ordem
Diz o bom senso que lugar de bandido é na cadeia, ou respondendo pelos seus crimes, pagando multas ou em prestação de serviços comunitários.
Lendo o currículo de parte significativa dos nossos políticos, o quadro que se apresenta é completamente diferente. A quantidade de processos criminais a que respondem é inacreditável. Alguns chegam a ter mais de vinte inquéritos e processos, em vários dos quais já estão condenados em primeira e segunda instância, mas seguem firmes nos cargos, dividindo rachadinhas e outras formas pouco éticas de ganhar o pão de cada dia.
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Se observarmos os gastos de certos homens públicos para serem eleitos e somarmos os seus vencimentos pelos quatro anos de mandato, veremos que alguma coisa está errada. Eles gastam mais com a eleição do que irão ganhar, pelo menos por dentro, no período do mandato.
Como ninguém acredita em tanta capacidade de entrega e amor pelo povo, fica evidente que eles sabem como refazer o caixa, com sobras.
Mas mais apavorante é o camarada ser condenado a cumprir pena de cadeia e não perder o mandato. Eles são protegidos pelos seus pares, que votam a aberração jurídica, ou melhor, constitucional.
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A Constituição exige reputação ilibada dos ocupantes de cargos públicos. Será que alguém que é denunciado por estrupo, violência contra a mulher, condenado por estelionato, apropriação indébita, prevaricação e transporte de numerário na cueca pode ser considerado pessoa de reputação ilibada?
Num cenário como esse, onde o exemplo vem de cima e mancha a honra de milhares de pessoas de bem que ocupam cargos semelhantes, não tem como se exigir que a base tenha comportamento diferente. Essa é a explicação para a violência brasileira.
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