Parque Augusta
Patinou, patinou, mas, depois de décadas de indefinições, politicagem, mobilização popular, sensibilidade política, bom senso e anos de negociações, aconteceu. O Parque Augusta ocupou o enorme terreno na esquina das ruas Augusta e Caio Prado.
O antigo colégio das freiras francesas, o antigo internato para onde eram mandadas as filhas dos fazendeiros de café, se transformou em parque. E parque especial.
O Parque Augusta nasce imponente, com árvores centenárias, história e muito verde para melhorar a vida de milhares de pessoas que moram em volta, que irão utilizar os novos espaços, usar os brinquedos, andar pelos caminhos que contornam sua geografia, respirar ar puro, fazer piqueniques ou simplesmente se sentar num banco e não fazer nada, além de ficar olhando a vida em volta.
De “Colégio Des Oiseaux” a parque urbano. De área privada, murada e fechada, a espaço público, de todos, da cidade.
São Paulo surpreende todos os dias. Cria e destrói com a mesma facilidade com que a CET piora o trânsito. Não pede licença, simplesmente faz, sem planejamento, sem organização, sempre à frente dos urbanistas, numa corrida de obstáculos na qual o prêmio pode ser uma nova favela ou um novo parque, como o Parque Augusta.
Durante muito tempo, o velho muro de tijolos vermelhos separou e vedou a área do colégio demolido anos atrás. Era da cidade, mas não era. As árvores do lado de dentro prometiam todas as possibilidades, que só agora escancaram os sonhos e se materializam nos espaços abertos para quem quiser.
O Parque Augusta chega para mostrar que, se São Paulo destrói, também cria, inventa beleza e, na sua rude forma de ser, encanta.
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