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Como as estrelas

Como as estrelas brilham no céu, nós brilhamos na terra. Cada um de nós tem seu brilho próprio, que nos faz um diferente do outro, em todas as situações, e em cada momento. Mais forte do que as impressões digitais, tão inquestionável quanto a íris dos olhos, o brilho de cada um de nós é único, não havendo dois brilhos iguais, nem a possibilidade de haver.

E nós seguimos pela vida dividindo o nosso brilho com o brilho dos outros. São encontros de todos os tipos e de todos os tamanhos, uns mais fortes, outros mais fracos, uns mais sérios, outros simples brincadeiras, mas todos criando brilhos novos, consequentes da união de dois brilhos, que refletem diferente nas lentes do universo, escrevendo a nossa história num código secreto, que só os habitantes do quadragésimo quinto sistema solar da nebulosa de Magalhães conhecem.

E eles leem através de seus observatórios como você chorou ontem e como eu lhe estendi a mão e encostei sua cabeça em meu ombro, lhe dando o calor que seu brilho havia perdido com a queda de suas lágrimas.

Leem também como eu fiquei só e como você me deu a mão, estendendo uma estrada nova na minha frente. Como nós nos juntamos para percorrer esta estrada e como ela foi boa e farta, com flores e pássaros e fontes dividindo com a gente o milagre da vida.

Tudo está narrado no brilho novo, na soma de nosso encontro, que brilha no seu pedaço de terra, para que, num código único, o nosso código, os habitantes dum planeta distante, orbitando num sol desconhecido, possam ser mais felizes, lendo em seus instrumentos quase divinos a história de dois seres que se encontraram, num encontro mágico, num planeta pequeno, num sol de quinta grandeza, numa galáxia perdida entre os bilhões de galáxias que compõem o universo, para viverem e serem felizes o seu pedacinho de vida.

Nossa história é eterna porque ela brilha com a força de nossos brilhos, que é nada frente ao brilho das grandes estrelas, que não faz cócegas na alfa do centauro, mas que é único e é nosso, e está sendo lida num planeta distante, onde seres diferentes, equipados com máquinas especiais, vão escrevendo a história de cada ser no imenso livro do universo, onde cada um é menos do que uma linha, mas onde cada um tem o seu espaço, porque cada um , cada ser, tem sua alma e todas as almas têm a sua história.

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Crônicas da Cidade vai ao ar de segunda a sexta na Rádio Eldorado às 5h55, 9h30 e 20h.

Antonio Penteado Mendonça

Advogado, formado pela Faculdade de Direito Largo São Francisco, com pós-graduação na Alemanha e na Fundação Getulio Vargas (FGV). Provedor da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo (2017/2020), atual Irmão Mesário da Irmandade, ex-presidente e atual 1º secretário da Academia Paulista de Letras, professor da FIA-FEA e do GV-PEC, palestrante, assessor e consultor em seguros.