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Os radares começam a multar

[ Crônica do dia 19 de março de 1997 ]

Ao contrário do que muita gente pensava, os radares vieram para ficar. E as razões para isto são fáceis de serem explicadas: eles vão rapidamente amortizando o seu custo, rendendo para a prefeitura muito mais do que o seu preço.

Instalados nas principais avenidas da cidade, os radares com câmeras fotográficas têm a enorme vantagem de não serem subornáveis, o que facilita em muito o seu controle, já que não há como desligá-los, ou ao menos falsificar as fotos que eles tiram.

O carro está lá e pronto, a multa é branco no preto, sem possibilidade de discussão ou recurso. Ao motorista mais apressado resta pagar e não chiar, porque a chiadeira não leva a nada, nem comove ninguém.

Quem esperava alguma benevolência das novas máquinas vai ficar mais decepcionado do que com os semáforos inteligentes. os radares foram treinados na escola para radares de Bangkok e lá a pena para benevolência de radares pode ser o seu sucateamento, o que faz com eles não aceitem propinas, nem negociem, nem transijam.

Com eles é multa no correio e ponto. nem mesmo as autoridades podem discutir. diante das fotos acusadoras das infrações praticadas pelos motoristas mais afobados, não há como deixar de aplicar as multas previstas no código nacional de trânsito.

A única sorte de quem anda pela cidade, dirigindo seu carro cercado de loucos por todos os lados, é que são poucas, muito poucas, as avenidas aonde é possível desenvolver velocidades passíveis da punição aplicada pelos radares.
assim, seu objetivo está amplamente alcançado, ainda que por um preço caro. tendo poucas vias de alta velocidade onde as altas velocidades podem ser desenvolvidas, com menos da metade dos aparelhos instalados os resultados seriam os mesmos.

E não sendo necessários num número muito grande de ruas, não existe razão válida para a prefeitura instalá-los, como o fez, na avenida dos Bandeirantes, e outras de igual calibre, onde dificilmente um motorista atinge míseros 30 quilômetros por hora.

De qualquer forma, as multas são altas e constantes, o que amortiza a conta com franca vantagem para os cofres públicos, que com este novo auxiliar com certeza tendem a dar uma engordadinha.

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Crônicas da Cidade vai ao ar de segunda a sexta na Rádio Eldorado às 5h55, 9h30 e 20h.

Antonio Penteado Mendonça

Advogado, formado pela Faculdade de Direito Largo São Francisco, com pós-graduação na Alemanha e na Fundação Getulio Vargas (FGV). Provedor da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo (2017/2020), atual Irmão Mesário da Irmandade, ex-presidente e atual 1º secretário da Academia Paulista de Letras, professor da FIA-FEA e do GV-PEC, palestrante, assessor e consultor em seguros.